Destaques:
Usado até R$ 400 mil é o mais vendido, casas detêm 64% das vendas, aluguel de até R$ 1,2 mil é maioria e novos inquilinos preferem as casas
As vendas de imóveis usados registraram em Agosto a primeira queda depois de três meses sucessivos de crescimento no Estado de São Paulo. O recuo foi de 8,27% em relação a Julho, segundo pesquisa feita com 890 imobiliárias de 37 cidades pelo Conselho Regional de Corretores do Estado de São Paulo (CreciSP).
A locação de casas e apartamentos cresceu 2,16% em Agosto comparado a Julho e no ano acumula alta de 24,34%. A locação cresce desde Maio.
O índice Crecisp, que mede o comportamento dos preços dos aluguéis novos e dos imóveis usados negociados pelas imobiliárias pesquisadas mensalmente pelo CreciSP, registrou queda de 2,38% em Agosto – mês em que a inflação oficial (IPCA do IBGE) foi de 0,87%, a maior alta para um mês de Agosto em 21 anos.
A queda de vendas em Agosto não deve indicar tendência, afirma José Augusto Viana Neto, presidente do CreciSP, que chama atenção para o resultado anualizado. “Nos oito primeiros meses deste ano, o saldo acumulado de vendas está positivo em 23,09%, o que é um feito relevante considerando a crise econômica que o País vive com desemprego elevado, inflação em alta, baixo investimento, juros em alta, instabilidade política e institucional”, ressalta.
Esse conjunto de fatores impacta a renda das famílias, mas Viana Neto vê possibilidade de melhora neste final de ano e início do próximo com o pagamento do 13º salário, eventuais bônus e os ganhos extras com o Natal e o Ano Novo. “Essa renda extra poderá ser o complemento que falta para dar a entrada num financiamento e também para alugar ou trocar de casa”, justifica. “Além disso, o mercado imobiliário tem uma dinâmica própria de expansão natural movida pelo déficit habitacional e crescimento da população.”
Um estímulo poderoso capaz de dar às famílias condição de comprar a casa própria poderá vir da Caixa Econômica Federal (CEF). Segundo o presidente do CreciSP, “a Caixa já chegou a financiar quase 90% dos imóveis usados aqui em São Paulo e é esperado que retome seu papel de liderança para impulsionar o crescimento de todo o mercado imobiliário, já que a venda de um imóvel usado acaba levando à compra de um novo”.
A pesquisa de Agosto registra que a CEF financiou 17,5% das casas e apartamentos vendidos, metade do que emprestaram outros bancos (35,33%). O encolhimento da participação da Caixa fica ainda mais evidente na comparação com outro dado do levantamento, o das vendas feitas com pagamento à vista e que somaram 44,25% do total.
Usado até R$ 400 mil
A queda de 8,27% nas vendas de Agosto comparada a Julho foi resultado do desempenho negativo registrado em duas quatro regiões que compõem a pesquisa CreciSP: a Capital (-21,57%) e o Interior (16,57%). Houve crescimento modesto no Litoral (+1,06%) e nas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano, Diadema, Guarulhos e Osasco, na grande São Paulo (+2,07%).
Imóveis usados com preço de até R$ 400 mil foram os líderes de venda em Agosto, com 53,17% do total de unidades negociadas pelas 890 imobiliárias consultadas nas 37 cidades do Estado. Por faixa de preço, 66,05% custaram aos compradores até R$ 5.000,00 o metro quadrado.
“No momento em que na Capital estão vendendo apartamentos em construção de 40 metros quadrados por R$ 10 mil, R$ 11 mil o metro quadrado, fica evidente que o imóvel usado continua sendo um bom negócio”, destaca Viana Neto. Ele ressalta que tanto na Capital quanto no Interior “o usado é em média entre 30% e 40 mais barato que um similar novo e geralmente tem mais espaço”.
Foram vendidos no Estado mais apartamentos (64,84%) do que casas (35,16%). Segundo as imobiliárias consultadas, os descontos que os donos dos imóveis concederam sobre os preços que inicialmente pediam foram em média de 7,4% para aqueles localizados em bairros de áreas nobres, de 7,51% para os de bairros centrais e de 6,4% para os de periferia.
Nas cidades da região do A, B, C, D, Guarulhos e Osasco, os imóveis mais baratos vendidos foram casas de 3 dormitórios em bairros centrais de Santo André, com preços médios entre R$ 2.032,09 e R$ 3.409,09 o metro quadrado. O mais caro foi apartamento de 3 dormitórios em bairro nobre de Osasco, a R$ 9.875,00 o metro quadrado.
No Interior, foram as casas de bairros centrais de Bauru com 3 dormitórios os imóveis de menor preço final médio vendidos em Agosto: entre R$ 1.388,89 e R$ 2.045,45 o metro quadrado. Em Araraquara a pesquisa registrou o maior preço: R$ 8.750,00 o metro quadrado de casa com 3 dormitórios em bairro nobre.
No Litoral, segundo a pesquisa CreciSP, o imóvel mais barato custou ao comprador R$ 1.578,95 o metro quadrado - casa de 2 dormitórios em bairro da periferia de Praia Grande. Santos registrou maiores preços - apartamentos de 1 dormitório no centro da cidade foram vendidos por valores entre R$ 3.857,14 e R$ 19.722,22 o metro quadrado.
Aluguel de até R$ 1.200,00
tem 59% dos novos contratos
A pesquisa CreciSP com 890 imobiliárias de 37 cidades do Estado apurou que o aumento de 2,16% no número de imóveis alugados em Agosto no Estado de São Paulo foi puxado pelas cidades da região formada por Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Guarulhos e Osasco (alta de 13,97%), Litoral (+ 7,55%) e Capital (+1,01%). No Interior houve queda de 2,33%.
As mesmas imobiliárias relataram ter encerrado contratos de aluguel equivalentes a 77,78% das novas locações, por razões financeiros (55,85% desse total) e por mudança de residência e outros motivos (44,15%). A inadimplência em Agosto foi de 4,53%, 7,79% a mais que os 4,21% de Julho.
O aluguel mensal de até R$ 1.200,00 predominou nos novos contratos de Agosto (59,15% do total), segundo a média apurada nas quatro regiões que compõem o levantamento. Foram alugados mais casas (52,79%) do que apartamentos (47,21%).
Os descontos que os donos dos imóveis concederam sobre os valores que inicialmente pediam pela locação foram em média de 9,8% em bairros nobres, de 8,96% em bairros centrais e de 9,95% nos bairros de periferia. A maioria das novas locações (75,47%) é de casas e apartamentos de bairros centrais das cidades, com o restante distribuído entre bairros de periferia (17,88%) e de regiões nobres (6,65%).
A forma de garantia de contratos mais tradicional no mercado de locação, o fiador pessoa física, foi adotada em 36,94% dos novos contratos, seguida pelo seguro de fiança (29,9%); pelo depósito de três meses do preço do aluguel (19,52%); pela caução de imóveis (9,03%); pela locação sem garantia (3,13%); e pela cessão fiduciária (1,49%).
Mais caros, mais baratos
Em 12 meses, de Setembro do ano passado até Agosto, o preço médio do aluguel no Estado variou conforme as regiões onde os imóveis alugados estão localizados.
Segundo a pesquisa CreciSP, em bairros nobres das cidades pesquisadas o aluguel médio teve queda de 2,45% ao baixar de R$ 2.730,48 para R$ 2.663,61. Em bairros das áreas centrais das cidades, houve aumento de 5,6% com o aluguel subindo de R$ 1.281,83 em Setembro de 2020 para R$ 1.354,40 em Agosto. Nos bairros de periferia, o aluguel baixou de R$ 990,65 para R$ 947,75 nesse mesmo período, queda de 4,33%.
Nas cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Guarulhos e Osasco, o aluguel mais barato – R$ 450,00 mensais – contratado em Agosto foi o de casas de dois cômodos em bairros centrais de Diadema. O mais caro foi o de apartamentos de 4 dormitórios em bairros nobres de São Bernardo, alugados por R$ 5 mil mensais.
No Interior, o aluguel mais barato foi de R$ 250,00 por casas de 1 dormitório em bairros da periferia de Araçatuba. O mais caro foi registrado em São José dos Campos, com apartamento de 4 dormitórios em bairro nobre da cidade alugado por R$ 8.250,00 mensais.
No Litoral, a pesquisa CreciSP encontrou em Santos tanto o aluguel mais barato quanto o mais caro. Apartamentos de 1 dormitório na região central foram alugados por preços entre R$ 550,00 e R$ 3.000,00. Em bairro nobre da cidade, apartamento de 4 dormitórios foi alugado por R$ 7 mil mensais.
As 37 cidades que compõem a pesquisa CreciSP são: Americana, Araçatuba, Araraquara, Bauru, Campinas, Diadema, Guarulhos, Franca, Itu, Jundiaí, Marília, Osasco, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Rio Claro, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Carlos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Paulo, Sorocaba, Taubaté, Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião, Bertioga, São Vicente, Peruíbe, Praia Grande, Ubatuba, Guarujá, Mongaguá e Itanhaém.
Saiba mais: https://www.crecisp.gov.br/comunicacao/pesquisasmercado/especial