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Caminho feito por D. Pedro I e monumentos à Independência são restaurados em SP

Publicada em 27/07/22 às 07:25h - 81 visualizações

por TV Jundiai Hoje


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 (Foto: TV Jundiai Hoje)
Pouso de Paranapiacaba e Rancho da Maioridade vão virar restaurante e cafeteria de gastronomia portuguesa; expedição de pesquisador reencontrou trecho perdido da Calçada do Lorena
Priscila Mengue

Parte da história da Independência do Brasil está marcada ao longo de alguns quilômetros entre a Baixada Santista e a Grande São Paulo. Por ali, o caminho percorrido por D. Pedro I rumo ao Ipiranga e monumentos centenários alusivos à data passam por um processo de restauro, do qual mais da metade estará concluída até a festa dos 200 anos da Independência nos Caminhos do Mar, no Parque Estadual Serra do Mar. O restante tem entrega estimada até março de 2023.

A maior relíquia em processo de restauro abrange os trechos de quatro quilômetros da Calçada do Lorena, primeiro caminho pavimentado da região, feito de pedras, em operação dos anos 1790 a 1860 e hoje parte de um roteiro turístico. O trajeto original era mais longo e sofreu modificações com a construção da Estrada Velha de Santos e e a industrialização de Cubatão. O que restou passa em meio à Mata Atlântica, na Serra do Mar.

A via também foi percorrida por D. Pedro I após passagem por São Paulo e, dias depois, na madrugada do dia da proclamação da Independência, em 1822. "Ele desceu para Santos para ver como estavam as fortalezas que guardavam o porto, já antevendo uma possível luta, como acontecia na Bahia, e aproveitou para visitar a família do José Bonifácio, que era o seu principal ministro", explica o historiador Paulo Rezzutti, biógrafo do monarca.

"Também havia questões sobre ter tido um motim no começo de 1822, por falta de soldo, que fez com que alguns militares fossem presos. Foi meio que para marcar a presença do Estado na região", ressalta. O historiador explica que a parada da comitiva no Ipiranga era estratégica: para trocar de montaria, das mulas (mais indicadas para percorrer subidas) por cavalos.

A expectativa da equipe de restauro é identificar a largura original, hoje parcialmente recoberta por vegetação e terra, e possíveis apoios nas bordas, como parapeitos. Para tanto, utiliza-se uma câmera térmica e são esperados trabalhos de arqueologia.

Outro trecho — perdido durante anos, de dois quilômetros — foi recém-reencontrado na mata do parque, em Cubatão. A descoberta foi feita por uma expedição liderada por Jorge Cintra, pesquisador e professor do Museu do Ipiranga, entre março e abril deste ano. Ele marcou o caminho com um GPS e utilizou mapas de diferentes épocas.

"Em um País com pouca memória e tão poucos monumentos preservados, essa obra de engenharia colonial possui bastante destaque e ajuda a contar ao vivo um pouco da nossa história", avalia. Ele explica o papel da via: "tornou transitável a estrada em todas as épocas do ano, principalmente na das chuvas, facilitando o transporte de mercadorias, principalmente do açúcar, a grande riqueza da Capitania na época e, mais tarde, os inícios do ciclo do café".

Na expedição, o pesquisador também encontrou o local onde antes havia um rancho de madeira e sapê atingido por um incêndio décadas atrás. "Não restou nada além do local. Mediante escavação, talvez se encontre algum alicerce", analisa.
 
Pouso e rancho serão transformados em espaços de gastronomia portuguesa; entenda história dos monumentos
Os trabalhos de restauro incluem também as construções celebrativas do centenário da Independência, de 1922, erguidas junto à Estrada Velha de Santos. A maioria das construções está localizada dentro dos Caminhos do Mar e, assim como a Calçada do Lorena, é tombada na esfera estadual.

Os sete monumentos foram projetados pelo arquiteto franco-argentino Victor Dubugras (o mesmo do Largo da Memória, no centro de São Paulo), com murais em azulejo do artista José Wasth Rodrigues. A restauração completa custará R$ 4,25 milhões, segundo a Parquetur, concessionária responsável pelo trecho do parque, e abrange também a Calçada do Lorena e as ruínas do que teria sido o alojamento de trabalhadores das obras do centenário.

Entre os monumentos, dois também são edificações e pensados originalmente como pontos de apoio aos viajantes. Ambos estão em processo de adaptação para espaços de gastronomia portuguesa. O primeiro a ser entregue será o Pouso de Paranapiacaba, em fase final de obra, com começo de operação previsto para os próximos meses, temporariamente como cafeteria e, depois, como restaurante. Já o Rancho de Maioridade, cuja restauração está em preparo, será um café.

Outro que terá novo uso é o que restou do antigo alojamento. O projeto prevê que as ruínas sejam transformadas em uma loja de suvenir e no ponto final de uma tirolesa. Para tanto, passarão por um processo de estagnação da deterioração, enquanto o que não resistiu das paredes e do teto dará lugar a um esqueleto metálico e de vidro. A escolha dos materiais teve o objetivo de deixar evidente o contraste entre o original e o novo.

Em comum, a maioria dos monumentos tem o uso amplo de granito e revestimentos com azulejos na fachada e nas áreas internas. Há também a presença de murais narrativos da história predominante à época do desenvolvimento da região, da chegada dos portugueses e jesuítas até o fluxo de tropeiros pela Calçada do Lorena.

Para o restauro, são utilizados desde pequenos pincéis e bisturis, para procedimentos mais delicados, até câmeras térmicas, para identificar patologias, como infiltrações e outros problemas. A estrutura necessária também varia. No caso do Rancho da Maioridade, por exemplo, pela altura da construção e as dimensões em curva, optou-se por andaimes multidimensionais, que podem circundar a fachada e permitem a proximidade necessária para recuperar os azulejos in loco.

Por enquanto, foram entregues o Pontilhão Raiz da Serra (junto à portaria de Cubatão), o Cruzeiro Quinhentista (localizado fora do parque), o Monumento ao Pico e o Belvedere Circular. Estão em processo para o início dos trabalhos de recuperação o Rancho da Maioridade, as ruínas e o Padrão do Lorena. Por fim, o "restaurômetro" avalia como 83% e 10% prontos, respectivamente, o Pouso de Paranapiacaba e a Calçada do Lorena.

Das obras, a descrita como a mais "trabalhosa" pelo engenheiro Francisco Damião do Nascimento, que coordena a produção, é a do Pouso de Paranapiacaba, em que cerca de 60% da madeira do telhado estava comprometida e teve de ser substituída, por exemplo. "Estava colapsado em alguns lugares", comenta. Ele pontua que a escolha dos materiais, como o granito, tornou partes das construções "resistentes às intempéries".

O projeto também envolve adaptações à legislação e às necessidades atuais. Entre elas, está a instalação de guarda-corpos em parte das varandas e a implantação de rampas, plataformas para acessibilidade e banheiros adaptados.

Também se decidiu manter parte das marcas deixadas ao longo do tempo nos espaços. No Pontilhão, após o restauro, por exemplo, a placa em bronze segue com as marcas feitas por passantes e o tom esverdeado deixado pelo processo de oxidação do material.
 
Já, no Pouso, os azulejos de temas agrícolas do salão principal foram quase inteiramente retirados para o restauro em um estúdio, enquanto algumas peças em melhores condições foram mantidas no local,como "testemunhos". Há a ideia de que o painel seja exposto em outra parte do parque quando recuperado.

Professor na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o arquiteto e historiador Alex Miyoshi explica que os monumentos estão alinhados ao neocolonialismo, chamado à época de "arquitetura brasileira". "Revalorizou a cultura luso-brasileira no início do século 20, reinterpretando elementos do barroco, tais como os característicos pináculos e volutas", comenta.

Segundo ele, os monumentos reúnem elementos de outros estilos, como o art nouveau, e uma exuberância de formas, cores, volumes e materiais". "Victor Dubugras, um dos grandes nomes da arquitetura brasileira, que ressente ainda de ser mais conhecido."

Caminhos do Mar terão programação temática da Independência do Brasil
O trecho do parque segue aberto para visitação autoguiada durante o restauro, com restrição de acesso no interior das edificações históricas. O funcionamento é de quarta-feira a domingo, das 8h às 17h. A entrada custa R$ 40, à venda no local e no site caminhosdomar.com.br. As portarias ficam na Rodovia SP 148, nos quilômetros 42 (São Bernardo do Campo, com estacionamento pago) e 50 (Cubatão). São oferecidos outros serviços, como transporte por van.

A gestão é da Parquetur, também responsável pelo Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, desde junho de 2021 e com contrato de concessão por 30 anos, o qual prevê uma série de obrigações, como os restauros. Outra novidade recente foi a implantação de uma trilha até a Cachoeira da Torre, com cerca de 9 quilômetros de extensão (ida e volta).

Para meados de agosto e setembro, é prevista uma programação temática do Bicentenário da Independência, voltada especialmente às famílias. "Temos o compromisso que entregar os nove monumentos restaurados até março do ano que vem", garante Carlos Telecki, gestor dos Caminhos do Mar.



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